Declaração de amor ao amigo morto
Da Biblioteca: “Mil Rosas Roubadas”, de Silviano Santiago
Após escutar Silviano Santiago falar sobre o seu trabalho numa das mesas da Flip de 2014, a primeira que fui, decidi comprar um exemplar de “Mil Rosas Roubadas” para presentear a minha esposa. Costuma ser encantador ouvir Silviano.
Na obra, o narrador mergulha em suas memórias para reconstruir a relação com o recém-falecido Zeca, com quem alimentara uma apaixonada amizade desde a adolescência, ao longo de mais de meio século.
Espécie de declaração de amor em forma de um ensaio biográfico no qual o homem vivo se derrama pelo amigo morto, “Mil Rosas Roubadas” é um livro belíssimo. Ecoa muito da relação que o próprio Silviano teve com o jornalista e produtor musical Ezequiel Neves, um dos responsáveis pelo sucesso de Cazuza. Sim, o título do livro dialoga com a letra de “Exagerado”.
Entre memórias pouco confiáveis e muita cumplicidade, a obra carrega diversos elementos do cenário cultural brasileiro ao longo da segunda metade do século 20. A partir do próprio olhar para o que ambos viveram que o narrador refaz uma possível vida de Zeca.
Essa empreitada contrasta com aquilo que se tornara impossível em relação à história da própria vida desse narrador. “Perco meu biógrafo. Ninguém me conheceu melhor que ele”, lemos no primeiro parágrafo de “Mil Rosas Roubadas”, que valeu a Silviano o Prêmio Oceanos de 2015.
Da Biblioteca: “Mil Rosas Roubadas”, de Silviano Santiago (Companhia das Letras, 2014). Vale a leitura.
Um papo com Silviano no podcast:
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Opa, tudo bem? Aqui, Rodrigo Casarin. Sou jornalista e vivo entre livros. Dentre outras coisas, toco uma coluna no Uol, tenho um podcast e perambulo pelo Twitter e pelo Instagram. Me acompanhe nas redes! Se quiser falar comigo, basta responder esse e-mail ou escrever para
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