Não, não é um livro que explicará tudo o que envolve o conflito que se arrasta faz quase um século entre Israel e Palestina. Aliás, sempre desconfiem quando alguém chegar com esse tipo de marketing rasteiro para cima de vocês.
Mas é um livro que carregará uma história pessoal com um relato de viagem para aquele canto do mundo. Para a Faixa de Gaza, mais especificamente, epicentro da guerra declarada pelos israelenses na última semana.
Também oferecerá um panorama da diáspora dos palestinos pelo mundo (especialmente no Chile, onde tal comunidade é enorme, há até time de futebol em homenagem a esse povo) e mostrará como outros intelectuais analisam o histórico e enxergam caminhos para aquela região do Oriente Médio.
E isso escrito por uma das chilenas mais importantes e reconhecidas de sua geração: Lina Meruane, também autora de ficções como “Sangue no Olho” (Cosac Naify) e “Sistema Nervoso”, além do ensaio “Contra os Filhos” (ambos da Todavia).
“Tornar-se Palestina” também tem uma boa pegada ensaística. Original de 2014, o livro saiu por aqui em 2019 pela Relicário. Traduzido por Mariana Sanchez, integra a Coleção Nosotras.
A própria Lina viaja para Gaza atrás de suas origens. Vai ainda em busca de compreender como é o cotidiano num lugar onde proliferam abusos e arbitrariedades contra uma população acossada. Uma área pilhada, massacrada, sitiada, que tantos definem como uma imensa prisão - ou campo de concentração - a céu aberto.
Não oferece respostas para o que temos visto nos últimos dias, mas colabora para olharmos de forma mais complexa para os múltiplos horrores e vítimas dos horrores que nos chegam pelas notícias e redes sociais.
Da Biblioteca: “Tornar-se Palestina”, de Lina Meruane (Relicário, 2019, tradução de Mariana Sanchez). Vale a leitura.
Obrigada pela sugestão, vou colocar no carrinho da Firma.
Uma colega indicou também, sobre o mesmo tema, o romance Detalhe Menor, da Adania Shibli.
Excelente