Bah se 6 meses já é muito tempo, imagina eu que considero um livro recente se tem 20 anos. Literatura é algo milenar, deveríamos ir mais devagar com ela. Mesmo aquela mais de massa (terror, fantasia, ficção científica...) 10 anos ainda considero recente. Um forma de tirar do limbo é fazer resenhas quando essas obras fecham 5, 10, 15, 20 anos de publicação.
Fiquei pensando que consumir um filme e um livro também tem suas particularidades! Se um filme tem duas horas e o tempo de lançamento é de uma semana, um livro que demora cinco vezes mais para ser consumido deveria ser lançamento por um tempo pelo menos cinco vezes maior do que uma semana, também :P Acho perfeitamente justo buscarmos essas obras que são "o resto"!
Às vezes eu acho que a gente nunca deixou a quinta série. Continuamos a formar clubinhos e a fechar as portas e janelas para quem não faz parte. Menosprezamos livros e trajetórias quando poderíamos acolher, experimentar e, qual é o problema, ajudar. É o mundo da competição. Não dá colaboração.
“(...) O tempo passa, mas o livro permanece. A vida do leitor mede-se em horas; a do livro, em milênios. Essa é a espantosa revelação proclamada por Píndaro em primeiro lugar: “Quando a cidade que eu canto já não mais existir, quando os homens para quem canto já houverem desaparecido no esquecimento, minhas palavras ainda perdurarão”. (...) O mármore se desfaz, o bronze perece, mas as palavras escritas - aparentemente o meio de expressão mais frágil - sobrevivem. (...) Flaubert lançou seu grito de protesto diante do paradoxo de estar ele morrendo como um cão abandonado enquanto a “prostituta” Emma Bovary, criatura sua, surgida de palavras sem vida rabiscadas em folha de papel, continuaria a viver. Até aqui somente os livros conseguiram exceder a morte em astúcia (...)”. George Steiner em Nenhuma Paixão Desperdiçada. O Leitor Incomum. Página 15.
Brilhante. Verdades simples embaladas em uma retórica quase imbatível. Muito boa a ideia do cantinho "Lado B" dA Biblioteca! Viva a literatura viva, feita tanto pelos ecos dos mortos, dos grandes, quanto dos vivos, dos pequenos.
Boa discussão. Sofro esse dilema constantemente pq prefiro ler o livro impresso, demoro para concluir a leitura e só depois corro atrás de tentar entrevistar o autor. Quando meu texto sai publicado, já se passaram muitas semanas do lançamento.
Boa discussão. Sofro esse dilema constantemente pq prefiro ler o livro impresso, demoro para concluir a leitura e só depois corro atrás de tentar entrevistar o autor. Quando meu texto sai publicado, já se passaram muitas semanas do lançamento.
Bah se 6 meses já é muito tempo, imagina eu que considero um livro recente se tem 20 anos. Literatura é algo milenar, deveríamos ir mais devagar com ela. Mesmo aquela mais de massa (terror, fantasia, ficção científica...) 10 anos ainda considero recente. Um forma de tirar do limbo é fazer resenhas quando essas obras fecham 5, 10, 15, 20 anos de publicação.
Puts, pior que sou péssimo para efemérides rs Mas devemos mesmo ir com mais calma.
Fiquei pensando que consumir um filme e um livro também tem suas particularidades! Se um filme tem duas horas e o tempo de lançamento é de uma semana, um livro que demora cinco vezes mais para ser consumido deveria ser lançamento por um tempo pelo menos cinco vezes maior do que uma semana, também :P Acho perfeitamente justo buscarmos essas obras que são "o resto"!
É justo mesmo, Fabio. Valeu pela leitura!
Às vezes eu acho que a gente nunca deixou a quinta série. Continuamos a formar clubinhos e a fechar as portas e janelas para quem não faz parte. Menosprezamos livros e trajetórias quando poderíamos acolher, experimentar e, qual é o problema, ajudar. É o mundo da competição. Não dá colaboração.
Tem muito disso mesmo.
“(...) O tempo passa, mas o livro permanece. A vida do leitor mede-se em horas; a do livro, em milênios. Essa é a espantosa revelação proclamada por Píndaro em primeiro lugar: “Quando a cidade que eu canto já não mais existir, quando os homens para quem canto já houverem desaparecido no esquecimento, minhas palavras ainda perdurarão”. (...) O mármore se desfaz, o bronze perece, mas as palavras escritas - aparentemente o meio de expressão mais frágil - sobrevivem. (...) Flaubert lançou seu grito de protesto diante do paradoxo de estar ele morrendo como um cão abandonado enquanto a “prostituta” Emma Bovary, criatura sua, surgida de palavras sem vida rabiscadas em folha de papel, continuaria a viver. Até aqui somente os livros conseguiram exceder a morte em astúcia (...)”. George Steiner em Nenhuma Paixão Desperdiçada. O Leitor Incomum. Página 15.
Bonito, mas muita coisa escrita se perde também. Na verdade, apenas poucas exceções sobrevivem.
Brilhante. Verdades simples embaladas em uma retórica quase imbatível. Muito boa a ideia do cantinho "Lado B" dA Biblioteca! Viva a literatura viva, feita tanto pelos ecos dos mortos, dos grandes, quanto dos vivos, dos pequenos.
Gracias, Pedro!
Boa discussão. Sofro esse dilema constantemente pq prefiro ler o livro impresso, demoro para concluir a leitura e só depois corro atrás de tentar entrevistar o autor. Quando meu texto sai publicado, já se passaram muitas semanas do lançamento.
Valeu, Télio. É um dilema mesmo. Abração
Boa discussão. Sofro esse dilema constantemente pq prefiro ler o livro impresso, demoro para concluir a leitura e só depois corro atrás de tentar entrevistar o autor. Quando meu texto sai publicado, já se passaram muitas semanas do lançamento.
Ontem mesmo estava conversando com um amigo sobre como quase ninguém mais fala sobre a obra do Luiz Ruffato.
E Labes e Williams realmente merecem ser lidos :)