Estou lendo um livro chamado The Washington Book, onde o escritor Carlos Lozada junta diferentes artigos que ele escreveu ao longo dos anos cobrindo os políticos de Washington. Eu pessoalmente evito ler livros de políticos, especialmente os de memória, não só porque são geralmente mal escritos, mas porque também são puro suco da propaganda que vemos nas redes sociais. Mas é interessante pois esse é o trabalho dele (ler político) e ele encontra coisas que vão muito além que captamos nas notícias, seja de campanha eleitoral ou durante um governo. Ele cita Bill e Hillary Clinton, Obama, Kama Harris, Joe Biden e obvio, Trump, em seus diversos livros e demonstra como cada um desses são grandes hipocritas ou se contradizem sem perceber (ou percebendo) de um livro a outro. Enfim, se tem livro que tem data de expiração, os livros escritos por políticos não duram três meses.
Perguntas difíceis, Rodrigo. Lembro quando li Sartre com uns 18 anos, aquilo batia forte em mim. Fui reler ano passado e já não rolou aquele fascínio e sedução de antigamente...
Também vejo assim, Lena. E o contrário também vale. Alguns livros tendem a ser um porre quando somos jovens, mas podem fazer muito mais sentido quando estamos mais velhos.
a gente nunca lê um mesmo livro duas vezes, eles acabam sendo sempre diferentes. acho que é por isso que eu tenho tanto receio de reler uma obra de que eu gostei.
Estava pensando sobre uma questão muito semelhante hoje, durante o meu curso de crítica e curadoria para o cinema. Fiquei pensando como uma crítica tem data de validade porque existem fatores muito importantes na leitura que é uma dupla relação de tempo influenciando na construção dos significados. O tempo em que foi escrito e o tempo em que o texto está sendo lido. De tal modo que os sentidos do texto mudam e muitas vezes escutamos um lugar comum do tipo "não foi compreendido na época".
Eu tendo mais a pensar que toda leitura prescreve no momento em que termina. E que, em certo sentido, uma leitura que não se esgota também é uma leitura que prescreveu -- nesse caso, é preciso acrescentar mais reflexões e pontos de vista. Já no caso da leitura que envelhece mal, a necessidade é de extirpar certas formas de pensar e talvez até virar a chave interpretativa. Em ambas as situações, o comentário morreu junto com o ponto final. A diferença é que alguns nós preferimos deixar morto e enterrado, enquanto outros achamos que vale a pena ressuscitar.
Meu livro preferido da vida era "Jogo de Amarelinha", do Cortazar, que li com 18 anos. Mas eu tive a estupida ideia de reler a obra 26 anos depois e fiquei indignado comigo mesmo. Certas coisas tem sua grandiosidade naquele espaco/tempo. Serve pra filmes tambem.
Estou lendo um livro chamado The Washington Book, onde o escritor Carlos Lozada junta diferentes artigos que ele escreveu ao longo dos anos cobrindo os políticos de Washington. Eu pessoalmente evito ler livros de políticos, especialmente os de memória, não só porque são geralmente mal escritos, mas porque também são puro suco da propaganda que vemos nas redes sociais. Mas é interessante pois esse é o trabalho dele (ler político) e ele encontra coisas que vão muito além que captamos nas notícias, seja de campanha eleitoral ou durante um governo. Ele cita Bill e Hillary Clinton, Obama, Kama Harris, Joe Biden e obvio, Trump, em seus diversos livros e demonstra como cada um desses são grandes hipocritas ou se contradizem sem perceber (ou percebendo) de um livro a outro. Enfim, se tem livro que tem data de expiração, os livros escritos por políticos não duram três meses.
Livros de políticos normalmente não me atraem pelos mesmos motivos, Rogerio.
Perguntas difíceis, Rodrigo. Lembro quando li Sartre com uns 18 anos, aquilo batia forte em mim. Fui reler ano passado e já não rolou aquele fascínio e sedução de antigamente...
Conforme envelhecemos o deslumbramento tende a ficar mais raro mesmo, né!?
Já, com alguns livros. Por isso é tão importante a releitura, passados alguns anos (ou acontecimentos marcantes) :)
Reler para confrontar a si mesmo, em alguns casos.
Penso que alguns livros que lemos aos 18, 20 anos tem outro impacto (ou nenhum) aos 40, 50.
Não necessariamente porque o livro envelheceu mas sim o leitor que em nós habita...
A caminhada trás novas ponderações e sentidos, é normal que o efeito seja outro.
Ao mesmo tempo, vejo os mesmos livros de décadas passadas sendo procurados e lidos pelos jovens com uma curiosidade que já domados.
Enfim, creio que é assim mesmo que a roda gira.
Também vejo assim, Lena. E o contrário também vale. Alguns livros tendem a ser um porre quando somos jovens, mas podem fazer muito mais sentido quando estamos mais velhos.
Verdade, acredito que ler Grande Sertão, Veredas há pouco tempo me trouxe outra carga emocional e de compreensão do que se tivesse lido anos atrás.
a gente nunca lê um mesmo livro duas vezes, eles acabam sendo sempre diferentes. acho que é por isso que eu tenho tanto receio de reler uma obra de que eu gostei.
Olha, mas é fantástico quando relemos e ela fica ainda melhor, viu.
Estava pensando sobre uma questão muito semelhante hoje, durante o meu curso de crítica e curadoria para o cinema. Fiquei pensando como uma crítica tem data de validade porque existem fatores muito importantes na leitura que é uma dupla relação de tempo influenciando na construção dos significados. O tempo em que foi escrito e o tempo em que o texto está sendo lido. De tal modo que os sentidos do texto mudam e muitas vezes escutamos um lugar comum do tipo "não foi compreendido na época".
E muitas vezes o tempo traz aspectos bem diferentes para a crítica e para a obra, né!?
Eu tendo mais a pensar que toda leitura prescreve no momento em que termina. E que, em certo sentido, uma leitura que não se esgota também é uma leitura que prescreveu -- nesse caso, é preciso acrescentar mais reflexões e pontos de vista. Já no caso da leitura que envelhece mal, a necessidade é de extirpar certas formas de pensar e talvez até virar a chave interpretativa. Em ambas as situações, o comentário morreu junto com o ponto final. A diferença é que alguns nós preferimos deixar morto e enterrado, enquanto outros achamos que vale a pena ressuscitar.
Bons pontos para se pensar.
Meu livro preferido da vida era "Jogo de Amarelinha", do Cortazar, que li com 18 anos. Mas eu tive a estupida ideia de reler a obra 26 anos depois e fiquei indignado comigo mesmo. Certas coisas tem sua grandiosidade naquele espaco/tempo. Serve pra filmes tambem.
É melhor não mexer mesmo em certas coisas. Nem me passa pela cabeça reler Meu Pé de Laranja Lima, por exemplo.