Recomendo a leitura de Blood, Bones, & Butter: the inadvertent education of a reluctant chef, de Gabrielle Hamilton. O melhor Chef memoir que eu já li. O proprio Bourdain disse que é "simply the best memoir by a chef ever."
Acompanhei alguns programas dele e gostei muito, intenso, verborrágico, sincerão e pouco afeito as convenções tão caras no meio dele (e em tdos, acho)... Meio cristão demais alguém julgar outro pela opção de sair de cartaz daqui pelas próprias mãos embora ele fosse ainda jovem e muito talentoso.
Camus já dizia que o suicídio é o único problema filosófico realmente sério...
Foi a depressão, as contas, o namoro? Quem sabe tudo isso ou apenas um cansaço.
nunca reli A Cook's Tour. mas foi um livro relevador pra mim: primeiro pq me aprofundou na literatura de viagem moderna (foi por causa do Bourdain que cheguei no Theroux), segundo pq entendi que era possível pegar essa coisa de ser meio torto na vida e usar a seu favor. acompanhei com muito interesse o desenvolvimento da carreira dele, como foi se sofisticando como comunicador, melhorando com a experiência.
Lembro de comprar o livro dele em 2003, logo depois de me formar. Era casada com um cozinheiro, o cara era tão bom e torto que poderia ser um Bourdain brasileiro, mas na época já era um cara também deprimido e alcoólatra. Acho que essa vida que o chef levou foi tentando sempre adiar seu fim do mundo (um Krenak solto aqui). Conseguiu por bastante tempo e com um sucesso que conversou com muita gente que também se sentia daquela forma, uma responsabilidade grande demais para carregar por tanto tempo. Seu texto mostra a sensibilidade que a gente precisa ter com as histórias reais e alheias.
Valeu, Bia! Acho que de alguma forma a vida é meio que isso também, né? Arrumar um jeito de ir tocando a coisa da melhor forma possível enquanto o fim não chega.
Também acho triste quando alguém invalida a obra de um artista pelo fim que teve. Aliás temos muitos casos assim, principalmente no meio musical e continuam sendo ícones que encantaram e impactaram pessoas com seu talento e obra.
Não conheço Bourdain, mas seu texto me despertou a vontade de conhecer seu trabalho. De certa forma acredito que foi uma justa homenagem que vc fez ao trabalho dele.
Quando eu li a sua coluna com a frase dele, confesso que senti um estranhamento.
Pra mim, é como se toda a obra ou a vida dele estivessem carregadas desse ato final desde sempre. A semente já estava lá, naquelas palavras, e me soaram como um "anticonselho".
Meu avô cometeu o mesmo ato aos 50 anos, então talvez por isso eu tenha criado um filtro analítico quando ouço casos semelhantes, buscando nas falas, nos gestos, os "sinais" nem sempre óbvios. É meio irracional até.
Concordo com você. Mas acho meio automático, no julgamento final, mesmo depois do todas as velas acesas aos santos, sermos condenados pela última vela ser acesa ao diabo.
Sua reflexão sobre o Bourdain me fez lembrar de você mesmo falando de Foster Wallace. Uma pessoa não seguir o que aconselha não invalida o conselho. Adorei esse seu texto, como sempre!
Que maravilha esse texto. Tenho pensado muito na imagem que deixamos ao morrer, após perder uma das pessoas mais importantes da minha vida esse ano. Ainda não descobri o que sinto sobre isso, sei que viver à custa de ter uma imagem congruente ou agradável só nos leva a ruína e infelicidade. Por eqto, é o que consigo anotar. É o Anthony me parecia, no mínimo, interessante.
seguramente, não é razoável reduzir uma pessoa a um gesto, embora pese muito o fato de que tenha sido um ato tão definitivo, do qual é impossível retroceder. somos, todos, seres muito complexos e vivemos diversas emoções em um único dia, que dirá em uma vida inteira.
O que impactou seu público ledor foi o fato de ter levado uma vida magnífica ao lado de bons pratos e terminar abruptamente tão cedo com um suicídio, De qualquer modo não é razoável que um gesto íntimo assombre a interpretação de tudo que escrevemos
Como jornalista, dublê de cozinheira - cozinheira doméstica mesmo, daquelas que faz curso de gastronomia só por entender que precisa das técnicas, mas se debruça sob uma panela de pressão pra encher de sabores uma rabada com agrião, usando apenas a velha intuição- adorei esse texto despretensioso, honesto, indagador e que divide com os leitores as reflexões sobre a pertinência ou não de se julgar uma obra inteira, a partir de um ato extremo do seu autor. Com charme e sem polêmicas! Vou atrás de Bourdain e das indicações que vi por aqui.
É melhor deixar reduções só pra cozinha, mesmo :)
Fato.
Recomendo a leitura de Blood, Bones, & Butter: the inadvertent education of a reluctant chef, de Gabrielle Hamilton. O melhor Chef memoir que eu já li. O proprio Bourdain disse que é "simply the best memoir by a chef ever."
Não conheço. Vi que saiu aqui pela Rocco como Sangue, ossos e manteiga: A educação involuntária de uma chef relutante. Vai pra lista. Gracias!
Acompanhei alguns programas dele e gostei muito, intenso, verborrágico, sincerão e pouco afeito as convenções tão caras no meio dele (e em tdos, acho)... Meio cristão demais alguém julgar outro pela opção de sair de cartaz daqui pelas próprias mãos embora ele fosse ainda jovem e muito talentoso.
Camus já dizia que o suicídio é o único problema filosófico realmente sério...
Foi a depressão, as contas, o namoro? Quem sabe tudo isso ou apenas um cansaço.
Lembrei mesmo de Camus enquanto escrevia essa edição
nunca reli A Cook's Tour. mas foi um livro relevador pra mim: primeiro pq me aprofundou na literatura de viagem moderna (foi por causa do Bourdain que cheguei no Theroux), segundo pq entendi que era possível pegar essa coisa de ser meio torto na vida e usar a seu favor. acompanhei com muito interesse o desenvolvimento da carreira dele, como foi se sofisticando como comunicador, melhorando com a experiência.
E soube usar muito bem essa coisa meio torta, né? (E gosto bastante do Theroux)
ah, que legal o evento no Galpão! vou lá!
Viva! Nos vemos lá!
Lembro de comprar o livro dele em 2003, logo depois de me formar. Era casada com um cozinheiro, o cara era tão bom e torto que poderia ser um Bourdain brasileiro, mas na época já era um cara também deprimido e alcoólatra. Acho que essa vida que o chef levou foi tentando sempre adiar seu fim do mundo (um Krenak solto aqui). Conseguiu por bastante tempo e com um sucesso que conversou com muita gente que também se sentia daquela forma, uma responsabilidade grande demais para carregar por tanto tempo. Seu texto mostra a sensibilidade que a gente precisa ter com as histórias reais e alheias.
Valeu, Bia! Acho que de alguma forma a vida é meio que isso também, né? Arrumar um jeito de ir tocando a coisa da melhor forma possível enquanto o fim não chega.
acho que é "simples" assim =)
Moleza! Rs
Também acho triste quando alguém invalida a obra de um artista pelo fim que teve. Aliás temos muitos casos assim, principalmente no meio musical e continuam sendo ícones que encantaram e impactaram pessoas com seu talento e obra.
Não conheço Bourdain, mas seu texto me despertou a vontade de conhecer seu trabalho. De certa forma acredito que foi uma justa homenagem que vc fez ao trabalho dele.
Obrigado, Juh. Vale mesmo dar uma olhada na obra do cara.
Quando eu li a sua coluna com a frase dele, confesso que senti um estranhamento.
Pra mim, é como se toda a obra ou a vida dele estivessem carregadas desse ato final desde sempre. A semente já estava lá, naquelas palavras, e me soaram como um "anticonselho".
Meu avô cometeu o mesmo ato aos 50 anos, então talvez por isso eu tenha criado um filtro analítico quando ouço casos semelhantes, buscando nas falas, nos gestos, os "sinais" nem sempre óbvios. É meio irracional até.
Não deve mesmo ser fácil conviver com essa angústia, Renata.
Concordo com você. Mas acho meio automático, no julgamento final, mesmo depois do todas as velas acesas aos santos, sermos condenados pela última vela ser acesa ao diabo.
Valeu, Luís!
Sua reflexão sobre o Bourdain me fez lembrar de você mesmo falando de Foster Wallace. Uma pessoa não seguir o que aconselha não invalida o conselho. Adorei esse seu texto, como sempre!
Valeu, André! E bem lembrada a conexão com o DFW.
Que maravilha esse texto. Tenho pensado muito na imagem que deixamos ao morrer, após perder uma das pessoas mais importantes da minha vida esse ano. Ainda não descobri o que sinto sobre isso, sei que viver à custa de ter uma imagem congruente ou agradável só nos leva a ruína e infelicidade. Por eqto, é o que consigo anotar. É o Anthony me parecia, no mínimo, interessante.
Obrigado, Paula. E força por aí nesse momento tão difícil.
seguramente, não é razoável reduzir uma pessoa a um gesto, embora pese muito o fato de que tenha sido um ato tão definitivo, do qual é impossível retroceder. somos, todos, seres muito complexos e vivemos diversas emoções em um único dia, que dirá em uma vida inteira.
Pois é, Pedro.
Rodrigo
O que impactou seu público ledor foi o fato de ter levado uma vida magnífica ao lado de bons pratos e terminar abruptamente tão cedo com um suicídio, De qualquer modo não é razoável que um gesto íntimo assombre a interpretação de tudo que escrevemos
E impacta mesmo, né, José?
O problema é achar que a pessoa depressiva não ri, não se diverte, não cuida da sua aparência…
Buscam sempre um estereótipo, né?
Como jornalista, dublê de cozinheira - cozinheira doméstica mesmo, daquelas que faz curso de gastronomia só por entender que precisa das técnicas, mas se debruça sob uma panela de pressão pra encher de sabores uma rabada com agrião, usando apenas a velha intuição- adorei esse texto despretensioso, honesto, indagador e que divide com os leitores as reflexões sobre a pertinência ou não de se julgar uma obra inteira, a partir de um ato extremo do seu autor. Com charme e sem polêmicas! Vou atrás de Bourdain e das indicações que vi por aqui.
Valeu, Samuelita. Também sou desses que vai testando as próprias alquimias na panela.
Acho que a incoerência é um fantasma que está sempre à espreita e assombra uns mais do que outros.
Tbm não sabia que ele já tinha morrido e ainda mais de suicídio 😱
Desculpe dar a notícia assim rs E todos temos nossas contradições, né?
Sim! Concordo com vc!
;)