O principal conselho que posso dar para quem irá para a Flip: vá leve, vá solto.
O que isso significa? Dê uma boa olhada na programação principal, pesquise com uma atenção ainda maior a gigantesca programação paralela.
Tenha uma ideia do que quer realmente ver, mas não se atole de compromissos, não crie uma agenda sem espaço para nada. As ciladas também são muitas. Uma das coisas mais legais é circular pelas ruas de Paraty e, meio que ao acaso, descobrir momentos singulares. Rigidez e estresse com um mundo de compromissos não combinam com a ideia de festa.
Não fique enfurnado num canto só.
A pior maneira de acompanhar a Flip, imagino, é se encher de ingressos caríssimos para a tenda da programação principal e passar os dias entocado num espaço que pouco dialoga com seu entorno. Para essas mesas, negócio melhor é aproveitar o telão da praça. Ali que dá para trocar ideias e beber cerveja enquanto ouve os autores e esbarra com outros escritores.
Apesar da multidão pelas ruas, principalmente na sexta e no sábado, os encontros de fato acontecem. Sim, haverá gente mala com ar blasé por todos os lados. Mas também haverá muita gente legal, que sabe ser possível falar de literatura sem pompa ou cerimônia. Deixem o blazer em casa.
Vá com o fígado preparado. Beba água e se alimente para aguentar também a maratona etílica, não apenas a literária.
Aproveite para aprender algo sobre cachaça nas degustações ligeiras das lojas. Saiba que a Maria Izabel é boa mesmo, histórica, mas há outras locais tão gostosas quanto – e mais em conta. A Coqueiro armazenada em amendoim, branquinha, e a Engenho d’Ouro maturada em barril de jequitibá, levemente amarelada, estão entre as minhas favoritas. Aceito garrafas de presente.
São preciosos os finais de tarde e as noites nos botecos, onde as conversas tomam caminhos bem mais livres – e mais inusitados, conforme as garrafas esvaziam.
Beber do lado de lá da ponte costuma ser mais barato do que pelos arredores da praça. Sim, quase tudo é bem caro, mas dá para economizar bons trocados comendo em restaurantes pelos arredores do Centro Histórico, fugindo das ruas de pedra.
O mesmo vale para a hospedagem: os preços são um pouco mais baixos no entorno, não exatamente no Centro Histórico. Só não recomendo ficar longe demais. O ideal é fazer tudo a pé. Numa cidade mais violenta do que muita gente supõe, ficar por perto da bolha onde a Flip acontece é mais seguro, inclusive.
Se quiser e puder, apareça nas mesas que mediarei e participarei. Já tenho quatro confirmadas. Divulgarei todas um pouco mais para frente.
A Biblioteca e o Tempo
“Em ‘A Biblioteca no Fim do Túnel’… ficamos bem perto da paisagem brasileira da última década, logo, da realidade política e social que desenhava um novo rumo e que se mistura ao micro mundo do leitor Rodrigo, com dicas, críticas e notas pessoais através de sua biblioteca”.
A @Paula Maria partiu da leitura atenta do meu livro para escrever sobre o tempo necessário para que certas mudanças aconteçam. Vale ler:
Além do site da Arquipélago, “A Biblioteca no Fim do Túnel” já está disponível em diversas livrarias: da Vila, da Travessa, Martins Fontes, Amazon…
Um café
Não é um café específico, mas uma cafeteria. De Paraty, claro, pensando em quem estará pela Flip.
O Montañita, numa esquina do Centro Histórico, pelas ruas de pedras, mas com preço razoável, nos salva dos cafés medíocres servidos na maior parte dos lugares da cidade. Vale trazer um pacotinho de grãos na mala.
O texto principal desta edição da newsletter, mais curtinha por conta do feriado, é uma versão atualizada da coluna que publiquei antes da Flip do ano passado. Mantive as dicas que seguem de pé 🙂.
Quem aí irá para a Flip?
📢 O que mais rolou na Página Cinco
📝 É lamentável ver a maior feira de livros do mundo silencia a literatura.
📝 Adania Shibili: livro mostra violências que há décadas amedrontam palestinos.
🎙️ A oração para desaparecer de Socorro Acioli:
📝 Carta ao Pai: não espere ser preso para descobrir Franz Kafka.
📝 Danilo Miranda: a cultura e o caminho para que estejamos de verdade no mundo.
Assino embaixo, Flip boa é Flip solta. É sempre bom deixar espaço na agenda pra aproveitar os encontros e mesas que o acaso nos proporciona. Compartilhando com todo mundo que ta indo pela primeira vez e não sabe o que esperar.
Est ou muito ansiosa pela Flip e para lançar meu novo livro de poesia na Casa Gueto (se o universo conspirar a favor).
Obrigada pelas dicas, estarei lá pela primeira vez!