Aventura entre grandes livros
O desafio de listar 250 grandes livros da história de acordo com o olhar de especialistas brasileiros
No final do ano passado os editores da Pinard me chamaram para uma boa aventura: ajudá-los a organizar algo na linha daqueles 1001 livros, filmes ou qualquer outra coisa para fazer ou ler ou assistir antes de morrer.
O recorte é menor e bastante ousado: criar um livro que reúna 250 dos grandes livros da história de acordo com o olhar de dezenas de especialistas brasileiros. Valem obras de qualquer canto do mundo. Trabalhos traduzidos ou não para o português. De autores que estão mortos há milênios ou ainda vivos.
Embarquei nessa jornada. Desde então, venho convidando um monte de gente boa ligada à literatura para que envie sua própria lista com 25 livros que gostaria de ver nessa listona de 250 títulos.
Cruzaremos essas dezenas de pequenas listas para descobrir os livros mais lembrados por grandes leitores aqui do Brasil. São críticos, pesquisadores, professores, jornalistas, escritores, tradutores…
Engraçado. Ao comentar sobre o trabalho com diversas pessoas, quase sempre ouço uma pergunta: e quais livros estarão nessa listona? Dou risada. Aí está uma das grandes graças da coisa: eu não faço a menor ideia!
Exagero. Tenho uma suposição ou outra. Imagino que uma Odisseia ou um Lusíadas terão votos para garantir suas vagas. Já pensou uma relação dessas sem Homero ou Camões? Em todo caso, não sou eu que controlo.
Num desafio com tantas possibilidades, pensar em gente com formações diferentes e visões diferentes da literatura é um norteador do trabalho. A partir disso, o que tenho são inquietações que só serão respondidas quando a apuração estiver muito mais avançada.
Qual será o espaço da literatura brasileira e latino-americana numa lista feita por intelectuais deste nosso canto do mundo? A busca pela pluralidade fará com que consigamos ir além do cânone ocidental para trazer bons representantes de diversas tradições literárias?
Quais clássicos seguirão firmes e quais ficarão de fora? Quanto pesará a literatura contemporânea? Movimentos políticos e sociais das últimas décadas provocarão quais impactos nessa relação?
Certos livros fundamentais para mim serão lembrados por outros colegas? E o que acontecerá com aqueles autores que tiveram um punhado de obras memoráveis?
Na minha cabeça, vislumbro um livro que reconhecerá grandes clássicos. Também apresentará outros tantos livros grandiosos que ainda não tiveram a merecida atenção dos leitores brasileiros. E, por fim, ajudará a pavimentar o caminho para que representantes de nosso tempo se firmem como clássicos no futuro.
Haverá polêmicas, claro.
Listas sempre devem ser analisadas por diferentes perspectivas. Levando em conta quem a fez e quando foi feita. Olhando para o que há nela. E, tão importante quanto, prestando atenção no que ficou de fora. Será uma oportunidade também para reconhecer pontos que precisam de mais atenção do nosso meio literário e editorial, creio.
É um projeto que precisa da colaboração dos leitores. Conheçam mais detalhes acessando o financiamento coletivo lá no Catarse:
Horror feminista e um livro para ficar de olho
“Em nenhum momento Martínez recai no panfletarismo que muitas vezes estrangula a substância literária de livros mais engajados. Em Cupim, ninguém dá palestra; somos nós, leitores e leitoras, que amarramos as pontas”.
sobre o que ele classifica como horror feminista. “Cupim”, da espanhola Layla Martínez, parece ser um livro para ficarmos de olho. Sai por aqui pela Alfaguara, tradução de Joana Angélica d’Avila Melo.Não se vá, assinante!
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, da El Vicio Impune de Leer, relatou fenômeno semelhante por lá:Não se vá, leitor que não quer ou não pode pagar pelo conteúdo!
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Vida dedicada ao crime
“Eu pegava livros da autora que existiam na casa dos meus parentes, lá em Campina Grande. Uma noite, comecei a ter pesadelos e minha família interpretou-os como resultado da minha leitura daquelas histórias. O remédio encontrado pelos meus pais foi me proibir de lê-las, trauma que carrego até hoje, porque nunca voltei a ler a literatura da grande dama do crime, embora eu sempre veja as adaptações que são feitas de seus romances e contos. Eu devia ter 11 anos quando fui proibido de ler Agatha Christie”.
O olhar de
, autor de “Gótico Nordestino”, para a literatura policial:Vai um DFW aí?
David Foster Wallace é um autor indispensável. E dá pra sacar bem qual é a do cara sem precisar dedicar meia vida à leitura de “Graça Infinita”.
Considero os ensaios de “Ficando Longe do Fato de Já Estar Meio que Longe de Tudo” uma boa porta de entrada à obra de DFW. “Breves Entrevistas com Homens Hediondos” é uma alternativa legal para quem quer conhecê-lo pela ficção.
Nesse papo o pessoal do 30:MIN fala sobre a obra, a visão de mundo do autor e os caminhos para encará-lo:
📢 O que mais rolou na Página Cinco
📝Leiam Julio Cortázar - e ouçam o que o cara tem a dizer
📝Dois livros fantásticos para ler com o fim do carnaval
📝Cuidados com os livro (inclui dica para que não despenquem na sua cabeça
📝A ‘sacanagem’ com Graciliano Ramos e a fogueira como amiga leal
que desafio listar "somente" 250 livros!! não queria essa job pra mim haha!
Não tenho ideia de como fazer uma lista dessas, até pensando nos livros incríveis que ainda não li... Que difícil! Mas tô curiosa com a seleção. Beijo!