Acho que a questão vai além das estrelinhas, não existe mais crítica ou análise, tudo virou apenas uma orientação de consumo. E plataformas de avaliação (Google, Goodreads no caso dos livros, TripAdvisor) fazem esse papel sem as pessoas precisarem pensar muito para comprar ou não um livro, escolher um lugar para viajar... Triste, mas é a realidade.
Anos atrás, eu não tinha redes sociais. E ficava pasma quando, em notícias da imprensa oficial, divulgavam a opinião dos usuários do Twitter sobre o tema da matéria. Pq importava saber o que desconhecidos, sem formação mínima naqueles temas, pensavam? Isso cresceu e virou as estrelas da Amazon e Skoob. A qualidade do leitor não importa, sua individualidade tampouco, mas a avaliação coletiva destas pessoas, mesmo que este grupo seja incapaz de avaliar algo com cuidado, passou a ser um critério relevante. Sinal destes tempos vulgares. Obrigada por escrever este texto, Rodrigo.
O apocalipse zumbi já aconteceu. Nós somos os zumbis. A diferença talvez seja apenas sermos zumbis com ou sem consciência de classe: sabermos que nos tornamos isto... negociarmos algum tipo de resistência contra nossas próprias compulsões de morto-vivo. Reduzir a crítica da arte a essas estrelinhas é mais um aspecto desta zumbivivência nossa de cada dia.
Vez em quando brota uma boa ideia nesta careca. Doido mesmo vai ser se brotar cabelo, mas aí já é outro gênero de superficialidade. O tópico aqui são as estrelinhas... Aquele abraço.
Concordando só porque “Vespeiro” leva um pauzão dos leitores da plataforma Skoob. Se tivesse a maioria das avaliações 5 estrelas eu diria “nada a ver essa newsletter do Casarin”.
Ahahahah (Brinks) Uma hora tem que sair uma newsletter sobre a vaidade, esse veneno adocicado que nós, autores, bebemos em longos goles.
O cercadinho está ficando cada vez mais apertado, menor...e estas "pontuações" aleatórias só não são pior do que ver o efeito no ego alheio de ficar de fora de singelas listas "dos melhores de"...aí o bicho pega e a elegância desaparece.
Eu trabalhei por muitos anos como vendedor de lista telefônica, ou seja, sou um exímio batedor de palmas, apesar de ter sonhado sempre em ser batedor de carteiras, fracassos da vida, acontece. Mas retomando, os produtores de determinados filmes sabendo do meu passado, entraram em contato comigo para me contratar, eu que ainda tenho meu caráter e dignidade, não aceitei. Mas vendo a premiação, vi muitos ali na plateia, aplaudindo efusivamente, que eram vendedores na minha época. Então aquelas palminha tudo, não se iludam, é de gente contratada. A gente passava mais de dez horas por dia batendo palma de casa em casa, então aplaudir durante meia hora ininterruptamente é o mesmo que tomar um suco de maracujá de frente pro mar de Cannes, onde inclusive apareceu com seu iate o tal do Bezos, para participar de uma cerimônia em que sua futura esposa vai receber um prêmio por conservação ambiental, justamente indo nesse iate cuja madeira do convés é oriunda de contrabando, desmatamento e trabalho ilegal.
É que faltou eles me oferecerem um veleiro pra eu ir até lá velejando! Aliás, acho que isso sempre me faltou e me pergunto porque há esse falta. Qual o problema de alguém chegar pra outra pessoa e convidar pra uma volta ao mundo velejando? Tipo, olha tô partindo e tem mais um lugar na tripulação, quer ir? Simples e objetivo.
quando eu era adolescente pseudocult, antes de ir ao cinema eu ia ver no oglobo o quanto o bonequinho da critica de cinema aplaudia. nem sempre eu aplaudia igual depois de ver o filme. dai eu fui percebendo que alem da qualidade, tem o gosto pessoal, o momento em que vejo o filme (depois do trabalho nada de filme cabeça), se eu ja gosto de algum ator/diretor, se eu tenho o contexto do filme, se ele foi produzido em algum pais que eu tenho curiosidade sobre, enfim, muitos fatores... agora leio criticas, principalmente de criticos que eu tenho alguma afinidade, pra me dar algum norte, mas sei que nada é unanime e que tbm ha uma parcela de politica envolvida. parece que as pessoas estao esquecendo que ha diversidade de gostos e que nada é absoluto. pensamento critico manda lembrancas...
As estrelinhas, os joinhas. As provas de múltipla escolha. Os aplausos e as vaias. O voto. As fórmulas das redações de escola, Enem, vestibulares. O número de livros lidos em uma semana. Uma notinha pra aula de hoje. O que achou do nosso atendimento (as carinhas pra facilitar a séria avaliação)? Decisões fundadas em "eu acho que". Opinião em vez de fato dita o que é verdadeiro ou justo. E argumento é uma palavra que na hora de fechar o dicionário ficou pendurada pra fora, meu amigo. Ah, juntei coisas que nem sei se devia. Gosto muito desse canto de sensatez que você criou aqui.
É quase inacreditável que alguém possa basear uma escolha com base nas estrelinhas rsrsrsrsrs Já vi tanta maluquice nas avaliações que se assemelha ao Yahoo respostas das compras online.
as estrelinhas (ou equivalentes) só fazem sentido para mim quando eu conheço a pessoa que avaliou, do que ela gosta, que tipo de visão tem sobre filmes ou livros. e, em nenhuma hipótese, substituem uma avaliação detalhada (escrita ou contada)...
a propósito, sempre fico me perguntando também quem tem disposição para ficar batendo palma por mais de dois minutos. eu teria preguiça! hahaha
Acho que a questão vai além das estrelinhas, não existe mais crítica ou análise, tudo virou apenas uma orientação de consumo. E plataformas de avaliação (Google, Goodreads no caso dos livros, TripAdvisor) fazem esse papel sem as pessoas precisarem pensar muito para comprar ou não um livro, escolher um lugar para viajar... Triste, mas é a realidade.
É por aí mesmo. Duro é ver quanta gente se acomoda nisso. Valeu, Fernando!
Ótimo texto, merece 4,5 estrelas!
Hahahahaha valeu, Raphael!
Mas é um debochado rsrsrs
Anos atrás, eu não tinha redes sociais. E ficava pasma quando, em notícias da imprensa oficial, divulgavam a opinião dos usuários do Twitter sobre o tema da matéria. Pq importava saber o que desconhecidos, sem formação mínima naqueles temas, pensavam? Isso cresceu e virou as estrelas da Amazon e Skoob. A qualidade do leitor não importa, sua individualidade tampouco, mas a avaliação coletiva destas pessoas, mesmo que este grupo seja incapaz de avaliar algo com cuidado, passou a ser um critério relevante. Sinal destes tempos vulgares. Obrigada por escrever este texto, Rodrigo.
Valeu, Renata!
Dito isso, 5 estrelas para esta coluna.
O apocalipse zumbi já aconteceu. Nós somos os zumbis. A diferença talvez seja apenas sermos zumbis com ou sem consciência de classe: sabermos que nos tornamos isto... negociarmos algum tipo de resistência contra nossas próprias compulsões de morto-vivo. Reduzir a crítica da arte a essas estrelinhas é mais um aspecto desta zumbivivência nossa de cada dia.
Gostei do zumbivivência.
Vez em quando brota uma boa ideia nesta careca. Doido mesmo vai ser se brotar cabelo, mas aí já é outro gênero de superficialidade. O tópico aqui são as estrelinhas... Aquele abraço.
Hahahahaa abraços
O que são palmas num mundo de likes? No tribunal da internet, palmas tem gosto de fogueiras acesas para escutar histórias.
Nossa, likes é um papo que mereceria até outro texto. Valeu, Samuel!
Casarin coberto com o manto da razão.
Hahahaha gracias, Irka!
Concordando só porque “Vespeiro” leva um pauzão dos leitores da plataforma Skoob. Se tivesse a maioria das avaliações 5 estrelas eu diria “nada a ver essa newsletter do Casarin”.
Ahahahah (Brinks) Uma hora tem que sair uma newsletter sobre a vaidade, esse veneno adocicado que nós, autores, bebemos em longos goles.
Hahahaa
Sugestão anotada, Irka :)
O cercadinho está ficando cada vez mais apertado, menor...e estas "pontuações" aleatórias só não são pior do que ver o efeito no ego alheio de ficar de fora de singelas listas "dos melhores de"...aí o bicho pega e a elegância desaparece.
Sobra broderagem...
A lista rendeu bons showzinhos mesmo.
Eu trabalhei por muitos anos como vendedor de lista telefônica, ou seja, sou um exímio batedor de palmas, apesar de ter sonhado sempre em ser batedor de carteiras, fracassos da vida, acontece. Mas retomando, os produtores de determinados filmes sabendo do meu passado, entraram em contato comigo para me contratar, eu que ainda tenho meu caráter e dignidade, não aceitei. Mas vendo a premiação, vi muitos ali na plateia, aplaudindo efusivamente, que eram vendedores na minha época. Então aquelas palminha tudo, não se iludam, é de gente contratada. A gente passava mais de dez horas por dia batendo palma de casa em casa, então aplaudir durante meia hora ininterruptamente é o mesmo que tomar um suco de maracujá de frente pro mar de Cannes, onde inclusive apareceu com seu iate o tal do Bezos, para participar de uma cerimônia em que sua futura esposa vai receber um prêmio por conservação ambiental, justamente indo nesse iate cuja madeira do convés é oriunda de contrabando, desmatamento e trabalho ilegal.
Pô, Pedro, mas vale pensar em pegar esse freela, nem que seja só pra conhecer Cannes.
É que faltou eles me oferecerem um veleiro pra eu ir até lá velejando! Aliás, acho que isso sempre me faltou e me pergunto porque há esse falta. Qual o problema de alguém chegar pra outra pessoa e convidar pra uma volta ao mundo velejando? Tipo, olha tô partindo e tem mais um lugar na tripulação, quer ir? Simples e objetivo.
quando eu era adolescente pseudocult, antes de ir ao cinema eu ia ver no oglobo o quanto o bonequinho da critica de cinema aplaudia. nem sempre eu aplaudia igual depois de ver o filme. dai eu fui percebendo que alem da qualidade, tem o gosto pessoal, o momento em que vejo o filme (depois do trabalho nada de filme cabeça), se eu ja gosto de algum ator/diretor, se eu tenho o contexto do filme, se ele foi produzido em algum pais que eu tenho curiosidade sobre, enfim, muitos fatores... agora leio criticas, principalmente de criticos que eu tenho alguma afinidade, pra me dar algum norte, mas sei que nada é unanime e que tbm ha uma parcela de politica envolvida. parece que as pessoas estao esquecendo que ha diversidade de gostos e que nada é absoluto. pensamento critico manda lembrancas...
Parece que está fazendo bom uso da crítica, Giuliana :)
As estrelinhas, os joinhas. As provas de múltipla escolha. Os aplausos e as vaias. O voto. As fórmulas das redações de escola, Enem, vestibulares. O número de livros lidos em uma semana. Uma notinha pra aula de hoje. O que achou do nosso atendimento (as carinhas pra facilitar a séria avaliação)? Decisões fundadas em "eu acho que". Opinião em vez de fato dita o que é verdadeiro ou justo. E argumento é uma palavra que na hora de fechar o dicionário ficou pendurada pra fora, meu amigo. Ah, juntei coisas que nem sei se devia. Gosto muito desse canto de sensatez que você criou aqui.
Valeu, André! Das famosas provas de chute eu gostava rs
É quase inacreditável que alguém possa basear uma escolha com base nas estrelinhas rsrsrsrsrs Já vi tanta maluquice nas avaliações que se assemelha ao Yahoo respostas das compras online.
Boa comparação rs E estamos vivendo a era do quase inacreditável, né?
As estrelinhas e palmas não dão conta dos detalhes, nuances e delícias que a literatura nos proporciona! Ótima reflexão, cada vez mais necessária.
Agradeço, também, pela lembrança do meu texto sobre o Mujica! Que honra ser citado por aqui!
Valeu, Rogério! Na torcida para que o São Paulo marque algum gol pelo menos na sua newsletter :)
as estrelinhas (ou equivalentes) só fazem sentido para mim quando eu conheço a pessoa que avaliou, do que ela gosta, que tipo de visão tem sobre filmes ou livros. e, em nenhuma hipótese, substituem uma avaliação detalhada (escrita ou contada)...
a propósito, sempre fico me perguntando também quem tem disposição para ficar batendo palma por mais de dois minutos. eu teria preguiça! hahaha
Quando conhecemos o avaliador a coisa ganha outra camada mesmo, Pedro. E, pô, não tenho paciência nem pras palmas do parabéns direito rs