Muito obrigada, meu querido. Comecei a minha carreira como autora independente e hoje vivo 100% como escritora, pago todas as minhas contas e tudo que preciso e quero com meu trabalho de escritora. Tive que aprender com as ciladas, fui ingênua, entendi e continuo entendendo as coisas porque sou viciada em não ser feita de trouxa. Acredito na profissionalização desse mercado, penso que precisamos de mudanças, de uma boa faxina. Acima de tudo, sou trabalhadora. Estar aqui no seu texto significa muito para mim. Um grande beijo!
Nossa, eu acho que a minha maior frustração, como autor independente, é ter que livro após livro lutar com todas as minhas forças pra que eles sejam minimamente considerados como leitura. Quando a primeira depreciação que você sofre como escritor é ter esse status de profissional negado porque você é o tempo todo empurrado pro acostamento onde correm por fora os "amadores", na longa e sinuosa estrada da validação literária, essa luta pelo profissionalismo se torna uma causa tão desgastante que, se não fosse o prazer da leitura e da escrita, nem a certeza da vocação, eu já teria desistido disso tudo faz tempo.
Entendo. Essa estrada da validação literária é complicada mesmo. E é uma área que nem vale a pena insistir se não tiver esse prazer da leitura e da escrita, né?
Comecei a me entender como escritor profissional há 3 anos, quando encontrei um cliente mais fiel, mas era cliente de SEO, não de literatura. E me chamava de escritor profissional, apenas porque recebia, mas foi só esse ano, quando esse cliente mais fiel não renovou o contrato, que eu entendi: sou escritor profissional PONTO. De literatura, SEO, newsletter, storytelling... Sendo pago ou não, o que eu faço, todo os dia aqui, na frente do computador é um trabalho (um trabalho que não tem sido pago, e as pessoas que não são da área não entendem como trabalho). Quando escrevo nas minhas redes, estou trabalhando com literatura. Eu penso as palavras, ideias, penso na forma de criar conteúdos sobre minha área, que é a literatura e a escrita... Escritores deveriam receber por isso, deveriam receber incentivos, deveriam ser remunerados quando lançam livros...
também acho que pouco acrescenta quando um escritor ou escritora recusam esse lugar mais pragmático (como pagar contas?) em suas praticas de escrita. Isso não garante que seja um bom profissional, mas que ao menos seja profissional se quiser viver disso (se dedicar ao fazer). Ou trate como um hobby. Não dá pra escrever todo dia se não cair um pingado, a não ser que seja milionário. Esse debate também é um tanto sobre casta e classe, o que não se separa do fazer artístico em um país como o Brasil.
Sobre esse tema, Osman Lins publicou, em 1969, um livro fundamental (reeditado neste ano, por coincidência) chamado "Guerra sem testemunhas", no qual discute, capítulo por capítulo, o que materialmente é ser um escritor em todas as suas facetas, e nisso tem enorme peso o pressuposto de se saber um profissional. Nesse sentido, tem sido ótima a atuação de Jarid Arraes.
acho curioso como a sociedade, de maneira geral, acha que arte tenha que ser vocação, que artista - sobretudo na literatura - tenha quase que fazer voto de pobreza para ser respeitado.
Sempre jogam a ideia da vocação, do amor, da causa, da importância de um trabalho para a sociedade... para pedir para que os outros trabalhem de graça ou em troca de pouca grana. Vide o que fazem com os professores.
Muito obrigada, meu querido. Comecei a minha carreira como autora independente e hoje vivo 100% como escritora, pago todas as minhas contas e tudo que preciso e quero com meu trabalho de escritora. Tive que aprender com as ciladas, fui ingênua, entendi e continuo entendendo as coisas porque sou viciada em não ser feita de trouxa. Acredito na profissionalização desse mercado, penso que precisamos de mudanças, de uma boa faxina. Acima de tudo, sou trabalhadora. Estar aqui no seu texto significa muito para mim. Um grande beijo!
Eu que agradeço, Jarid ;)
Nossa, eu acho que a minha maior frustração, como autor independente, é ter que livro após livro lutar com todas as minhas forças pra que eles sejam minimamente considerados como leitura. Quando a primeira depreciação que você sofre como escritor é ter esse status de profissional negado porque você é o tempo todo empurrado pro acostamento onde correm por fora os "amadores", na longa e sinuosa estrada da validação literária, essa luta pelo profissionalismo se torna uma causa tão desgastante que, se não fosse o prazer da leitura e da escrita, nem a certeza da vocação, eu já teria desistido disso tudo faz tempo.
Entendo. Essa estrada da validação literária é complicada mesmo. E é uma área que nem vale a pena insistir se não tiver esse prazer da leitura e da escrita, né?
Comecei a me entender como escritor profissional há 3 anos, quando encontrei um cliente mais fiel, mas era cliente de SEO, não de literatura. E me chamava de escritor profissional, apenas porque recebia, mas foi só esse ano, quando esse cliente mais fiel não renovou o contrato, que eu entendi: sou escritor profissional PONTO. De literatura, SEO, newsletter, storytelling... Sendo pago ou não, o que eu faço, todo os dia aqui, na frente do computador é um trabalho (um trabalho que não tem sido pago, e as pessoas que não são da área não entendem como trabalho). Quando escrevo nas minhas redes, estou trabalhando com literatura. Eu penso as palavras, ideias, penso na forma de criar conteúdos sobre minha área, que é a literatura e a escrita... Escritores deveriam receber por isso, deveriam receber incentivos, deveriam ser remunerados quando lançam livros...
Faz bem em ter esse discernimento, Lucas.
também acho que pouco acrescenta quando um escritor ou escritora recusam esse lugar mais pragmático (como pagar contas?) em suas praticas de escrita. Isso não garante que seja um bom profissional, mas que ao menos seja profissional se quiser viver disso (se dedicar ao fazer). Ou trate como um hobby. Não dá pra escrever todo dia se não cair um pingado, a não ser que seja milionário. Esse debate também é um tanto sobre casta e classe, o que não se separa do fazer artístico em um país como o Brasil.
Dinheiro só não importa para quem já tem muito, né?
sim, e é interessante que alguns ofícios estejam reservados só para "burgueses". vide o tanto de curso técnico que tem na periferia.
Sobre esse tema, Osman Lins publicou, em 1969, um livro fundamental (reeditado neste ano, por coincidência) chamado "Guerra sem testemunhas", no qual discute, capítulo por capítulo, o que materialmente é ser um escritor em todas as suas facetas, e nisso tem enorme peso o pressuposto de se saber um profissional. Nesse sentido, tem sido ótima a atuação de Jarid Arraes.
Tô com esse livro do Osman aqui do meu lado, logo chega a vez dele :)
Será que o site Publishnews falou sobre as dicas da Jarid Arraes? Duvido.
Gostei da explicação sobre o que são literaturas panfletária e didática.
Excelente tema, havia escrito uma reflexão essa semana justamente sobre isso, não me sentir escritora só porque escrevo o que quero e quando quero.
Sou uma escritora meio clandestina, meio charlatã, meio impostora.
Escrever é minha transgressão.
Obrigada por esse lembrete. Quando as coisas não vão bem é tão fácil esquecer que não é um hobby. Gostei das recomendações!
Valeu, Luiza!
acho curioso como a sociedade, de maneira geral, acha que arte tenha que ser vocação, que artista - sobretudo na literatura - tenha quase que fazer voto de pobreza para ser respeitado.
Sempre jogam a ideia da vocação, do amor, da causa, da importância de um trabalho para a sociedade... para pedir para que os outros trabalhem de graça ou em troca de pouca grana. Vide o que fazem com os professores.