Gostei muito do texto, Rodrigo. Dois tostões sobre o assunto:
Escrever sobre a obra de alguém oferece uma leitura para aquilo que foi feito. Uma outra camada ao texto. Como leitor, aprendi muito lendo crítica de arte em geral.
Já sobre a grosseria, tenho a impressão que, na atualidade, ela perdeu um pouco de espaço. Ficaram só alguns que já não tem tanto estilo, que mais parecem cópias esquisitas do passado. Por outro lado, o excesso de cuidados na análise - medo de magoar amigos, de perder convites, de perder o espaço ou irritar fãs? - criou certa ideia de crítica que nada tem de interlocução.
Excelente texto. Uma questão que muito me incomoda na crítica atual, para além de culpar novos espaços de crítica e da rede, é o modo como a crítica absorveu o mercado.
Aqueles que se propõe leituras críticas de obras, sejam eles youtubers ou não, muitas vezes evitam ser duros com obras não por polidez mas, na real, por medo de perder o bom relacionamento com grandes editoras. Isso empobrece a coisa toda, fazendo com que muito do que é lido como crítica hoje, seja na verdade texto publicitário. Claro que espaços mais acadêmicos ainda tentar manter esse rigor, mas peçam pelo acesso.
Resumindo, a crítica, na minha opinião, precisa reaprender a lidar com o mercado, que sempre esteve ali do ladinho dela, mas hoje em dia é um cado mais agressivo do que já foi.
É um problema que de fato existe, Rafael. E acrescento uma outra camada à questão: a parcela do público que parece gostar mais de algum oba oba qualquer do que de um olhar mais crítico para os livros (ou filmes, séries...).
Provas desse oba oba é que vivemos num país em que a palavra acadêmico tornou-se sinônimo de chato e universitário virou alcunha para música de balada (nem vou me referir ao gênero específico).
Aprendi com um chefe que toda crítica (ou feedback, como o povo teima em dizer no mundo corporativo) tem que ser duro com o trabalho (não necessariamente ruim, mas rigoroso) e suave com a pessoa (não necessariamente complacente, mas com a clareza de que ninguém é determinado por uma única entrega).
O rigor (não no nível do Romulo Castelo, no livro do Gallo) é muito importante para a evolução, mas daí a ser um babaca tem uma longa estrada.
eu suspeito que o movimento OwnVoices tenha um papel grande no modo como o público mais jovem está acompanhando crítica literária hoje. talvez seja uma questão a ser olhada com mais profundidade. gostei muito do texto, entendo que há uma crise. mas me pergunto o quanto a gente anda disposto a olhar para origem dessa crise, que faz parte da crise política, institucional, identitária etc etc (estou pensando mil coisas depois te ler)
Oi Rafael! Mas esse substack Notes tá legal demais. Topei com sua newsletter e gostei muito! Tô fazendo uma disciplina sobre crítica (numa pós graduacao de escrita) e vou compartilhar seu texto com meus colegas, achei muito interessante sua perspectiva sobre a crítica construtiva. Também adorei a indicação da Arte da Palavra ♡
Excelente texto. Temos tantos exemplos, não apenas na literatura, no mundo corporativo chovem críticas "construtivas" feitas com aquele ar complacente...
Acredito que a proliferação de youtubbers está comprometendo a credibilidade de quem leva crítica à sério, e neste caso me refiro sim à Literatura.
Quanto aos youtubers, prefiro não julgá-los como categoria monolítica. Acho os problemas e as eventuais virtudes que encontramos pela plataforma também aparecem em outras mídias.
Gostei muito do texto, Rodrigo. Dois tostões sobre o assunto:
Escrever sobre a obra de alguém oferece uma leitura para aquilo que foi feito. Uma outra camada ao texto. Como leitor, aprendi muito lendo crítica de arte em geral.
Já sobre a grosseria, tenho a impressão que, na atualidade, ela perdeu um pouco de espaço. Ficaram só alguns que já não tem tanto estilo, que mais parecem cópias esquisitas do passado. Por outro lado, o excesso de cuidados na análise - medo de magoar amigos, de perder convites, de perder o espaço ou irritar fãs? - criou certa ideia de crítica que nada tem de interlocução.
Valeu, Rafael!
Esse aspecto de novas camadas do texto tem tudo a ver com o que o João Cezar fala no vídeo dele, né!?
E concordo contigo com esse zelo excessivo por conta da amizade e de interesses cruzados. É um problema que existe.
Valeu pela leitura. Abração
Ufa. Finalmente alguém falou. A critica da Ligia abriu as porteiras para um monte de idiota (a culpa não é dela, a crítica é ótima e contundente)
Fato. Ela não tem nada a ver com o que fizeram a partir do texto dela, que é msm bom.
Excelente texto. Uma questão que muito me incomoda na crítica atual, para além de culpar novos espaços de crítica e da rede, é o modo como a crítica absorveu o mercado.
Aqueles que se propõe leituras críticas de obras, sejam eles youtubers ou não, muitas vezes evitam ser duros com obras não por polidez mas, na real, por medo de perder o bom relacionamento com grandes editoras. Isso empobrece a coisa toda, fazendo com que muito do que é lido como crítica hoje, seja na verdade texto publicitário. Claro que espaços mais acadêmicos ainda tentar manter esse rigor, mas peçam pelo acesso.
Resumindo, a crítica, na minha opinião, precisa reaprender a lidar com o mercado, que sempre esteve ali do ladinho dela, mas hoje em dia é um cado mais agressivo do que já foi.
É um problema que de fato existe, Rafael. E acrescento uma outra camada à questão: a parcela do público que parece gostar mais de algum oba oba qualquer do que de um olhar mais crítico para os livros (ou filmes, séries...).
Provas desse oba oba é que vivemos num país em que a palavra acadêmico tornou-se sinônimo de chato e universitário virou alcunha para música de balada (nem vou me referir ao gênero específico).
Perdão pelas incorreções do corretor automático gente!!
Aprendi com um chefe que toda crítica (ou feedback, como o povo teima em dizer no mundo corporativo) tem que ser duro com o trabalho (não necessariamente ruim, mas rigoroso) e suave com a pessoa (não necessariamente complacente, mas com a clareza de que ninguém é determinado por uma única entrega).
O rigor (não no nível do Romulo Castelo, no livro do Gallo) é muito importante para a evolução, mas daí a ser um babaca tem uma longa estrada.
Me parece ser por aí mesmo, Gabriel. Valeu!
eu suspeito que o movimento OwnVoices tenha um papel grande no modo como o público mais jovem está acompanhando crítica literária hoje. talvez seja uma questão a ser olhada com mais profundidade. gostei muito do texto, entendo que há uma crise. mas me pergunto o quanto a gente anda disposto a olhar para origem dessa crise, que faz parte da crise política, institucional, identitária etc etc (estou pensando mil coisas depois te ler)
Há muito a se pensar e discutir mesmo. Mas o público que só quer oba oba me parece ser parte relevante da questão.
Adorei pensar por outros ângulos 👏
Que bom :)
Devo dizer que esse Dandara, do Café di Preto, é uma boa pedida, viu? E nada como um coado de respeito!
Nunca tomei o café deles. Irei atrás. Valeu!
Ser lida com atenção é um privilégio, entendo a crítica como a ferramenta que permite esse olhar.
E gente babaca é gente babaca, vale aprender essa distinção. Obrigada pelo texto, 🍀
Valeu, Paula. E importante mesmo não perder muita energia com gente babaca.
Oi Rafael! Mas esse substack Notes tá legal demais. Topei com sua newsletter e gostei muito! Tô fazendo uma disciplina sobre crítica (numa pós graduacao de escrita) e vou compartilhar seu texto com meus colegas, achei muito interessante sua perspectiva sobre a crítica construtiva. Também adorei a indicação da Arte da Palavra ♡
Legal que curtiu, Luísa. Obrigado.
Obrigada por esse ponto de vista ;)
;)
Rodrigo, qual o seu temor pelo inédito de Garcia Marquez? Que nao estivesse concluído e lançam somente visando o ganho financeiro que terão?
Isso, Glauco. Ou que estivesse concluído, mas, ainda assim, o autor tivesse optado por não publicá-lo.
Excelente texto. Temos tantos exemplos, não apenas na literatura, no mundo corporativo chovem críticas "construtivas" feitas com aquele ar complacente...
Acredito que a proliferação de youtubbers está comprometendo a credibilidade de quem leva crítica à sério, e neste caso me refiro sim à Literatura.
Gracias, Lena!
Posso imaginar esse horror corporativo.
Quanto aos youtubers, prefiro não julgá-los como categoria monolítica. Acho os problemas e as eventuais virtudes que encontramos pela plataforma também aparecem em outras mídias.
Abração, bom final de semana :)
Você é muito elegante, bom final de semana.
😄