Mais do que ver a consagração de escritores, a maior graça do Nobel (e de qualquer prêmio, de qualquer lista literária) é proporcionar aos leitores a chance de dar atenção a obras até então desconhecidas.
Nesta semana publiquei uma lista de favoritos deste ano para o galardão da academia sueca segundo apostadores. Besteira comemorar, se frustrar ou brigar por causa de algo assim. Vale mais olhar os nomes e, quem sabe, se abrir para literaturas desconhecidas.
Dos três últimos agraciados pelo Nobel, conhecia relativamente bem o trabalho da francesa Annie Ernaux. Só após vencerem o prêmio que fui ter contato com a escrita do norueguês Jon Fosse e do tanzaniano Abdulrazak Gurnah (que vive na Inglaterra desde os anos 60; seria pedir demais que os suecos olhassem de verdade para outros cantos do mundo).
O mais recente premiado, Fosse, já vem conquistando leitores pelo país. Ele é mesmo ótimo. Tenho a impressão de que Gurnah, por outro lado, foi ignorado pelos brasileiros. Uma pena.
“Sobrevidas”, o que li do autor, é um romance valioso.