Outro dia, na coluna, escrevi sobre a onda dos livros magrelinhos. São exemplares de poucas páginas que dificilmente param de pé. Em termos literais, digo. É importante não confundir tamanho com qualidade. Há tranqueiras feitas de centenas e centenas de folhas, também há preciosidades que precisam de pouco para encantar.
Com seus capítulos breves distribuídos em menos de cem páginas, “Kramp” é um grande exemplo de romance bem mais denso do que aparenta numa primeira batida de olho. Também é uma história com camadas mais profundas do que supõe um leitor nem tão atento.
“Kramp” é um dos livros da escritora chilena María José Ferrada publicados por aqui. Original de 2017, saiu pela Moinhos em 2020 com tradução de Silvia Massimini Felix. Desconheço leitor que não tenha curtido o que encontrou na história narrada pela jovem M, filha de D.
Com um quê kafkiano, boa parte dos personagens são identificados apenas por alguma letra ou sequer isso. Rara exceção é Jaime Andrés Suárez Moncada, o desaparecido político responsável por mudar os rumos da vida da mãe de M.