Cinco ótimos livros sobre livros
"A imaginação é um universo expandindo mais velozmente do que a realidade"
Alguns títulos foram importantes para que encontrasse um bom caminho para “A Biblioteca no Fim do Túnel: Um Leitor em Seu Tempo”, livro que acabo de lançar pela Arquipélago. Listo aqui cinco livros sobre livros que adoro. Eles ajudaram a criar o meu próprio livro sobre livro.
“O Vício dos Livros”: incrível como Afonso Cruz consegue ser cativante em diferentes gêneros. Nessa obra, passeia por diversas questões relacionadas aos livros em textos bem breves. São reflexões ou pequenas crônicas com histórias boas e ligeiras.
Lendo “O Vício dos Livros” que saquei o tom que pelo menos parte de “A Biblioteca no Fim do Túnel” poderia ter. Saiu em Portugal em 2021 pela Companhia das Letras.
E uma notícia aguardada por muitos leitores: “O Vício dos Livros” sairá no Brasil pela Dublinense, está previsto para o primeiro semestre de 2024.
“O Infinito em um Junco”: por falar em livro cativante… É uma delícia acompanhar a história do livro pela escrita da espanhola Irene Vallejo. Ela vai bem ao esmiuçar a aventuresca trajetória desse objeto essencial para a construção do conhecimento, responsável por moldar o imaginário de conquistadores, despertar a cobiça e causar muitos derramamentos de sangue.
Foi em “O Infinito em um Junco” que pesquei a epígrafe de “A Biblioteca no Fim do Túnel”. O livro de Irene saiu por aqui pela Intrínseca em tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht.
“Livrarias”: de Jorge Carrión, outro espanhol. Ensaísta, romancista e crítico cultural, é um colega que observo como referência profissional. Me influencia pelo que produz no dia a dia, pelo modo como me faz refletir sobre aspectos do meu trabalho, da literatura e da cultura.
Esse passeio por livrarias de diversos cantos do mundo, cheio de histórias de leituras e de leitores, também tem grande valor. “Livrarias” saiu por aqui pela Bazar do Tempo com tradução de Silvia Massimini Felix.
“Notas Para Uma Definição do Leitor Ideal”: o argentino Alberto Manguel, um dos maiores bibliófilos vivos, é outro que me influencia mais pelo conjunto da obra do que por algum trabalho específico. Tenho carinho por “A Biblioteca à Noite” especialmente pela ótima exposição inspirada no livro (passou pelo Brasil entre 2018 e 2019).
Destaco “Notas Para Uma Definição do Leitor Ideal” porque é o livro que mais revisito de Manguel. Outro dia, numa edição aqui da newsletter, estabeleci um diálogo direto com o texto que dá nome à obra, aliás. Saiu no Brasil pela Edições Sesc com tradução de Rubia Goldoni e Sérgio Molina.
“Herdando uma Biblioteca”: sim, também tem brasileiro na lista. Essa reunião de crônicas de Miguel Sanches Neto sobre os perrengues e ótimos momentos da vida entre livros entra no balaio de inspirações para a escrita e a edição de “A Biblioteca no Fim do Túnel”. Escreve Miguel num dos textos da obra que saiu pela Ateliê Editorial:
"Uma biblioteca, ao contrário do que afirmara Don Rigoberto, é um organismo vivo, que vai se ramificando, tomando conta dos cômodos todos. Já vi banheiros, lavanderias e despensas totalmente entulhados de exemplares amados, o que nos dá a certeza de que a imaginação é um universo expandindo mais velozmente do que a realidade".
Lançamentos
Já temos os primeiros lançamentos de “A Biblioteca no Fim do Túnel”:
São Paulo: dia 17 de agosto, na Livraria da Travessa de Pinheiros, na Fradique Coutinho, a partir das 18h30.
Porto Alegre: dia 24 de agosto, no Instituto Goethe, a partir das 19h. Rolará um bate-papo com a Luciana Thomé.
Salvador: terei três participações na Flipelô, o livro estará à venda na livraria do evento e quem quiser autógrafo é só me procurar por lá.
A agenda na Flipelô:
No sábado, entre 10h e 12h, ministro uma oficina sobre podcasts no Museu Eugênio Teixeira Leal.
Antes, na sexta, medio o papo sobre literatura e games entre Diego Lourenço e Thais Weiller.
No domingo estarei na conversa sobre livros e redes junto com o Pedro Pacífico, o Bookster, e a Eliz Oliveira, do Nossa Literatura.
As duas mesas serão às 14h, no teatro do Sesc Pelourinho.
Quem se importa com a crítica?
A quem interessa o trabalho dos críticos em tempos de influencers prontos para comprar qualquer oba oba e trabalhar para o marketing de grandes companhias? Este artigo do The Guardian foca na questão a partir do cinema, mas serve para todo o meio cultural.
O que mais me intriga? Como boa parte do público parece preferir o auê abobalhado.
A volta de John Williams
A ótima notícia: “Stoner”, de John Williams, voltará às livrarias brasileiras após o misterioso sumiço da Rádio Londres. A nova edição sairá pela Arte & Letra com tradução de Lucas Lazzaretti. O Estado de Minas lembrou de mim ao escrever uma breve matéria sobre o relançamento.
Já na torcida para que o inesquecível “Butcher’s Crossing” também ganhe nova vida por aqui.
Orwell e os livros
Voltando aos livros sobre livros… A Lote 42, em parceria com a Casa Rex, reunirá num volume sucinto ensaios de George Orwell sobre livros, escrita e literatura. O mote é a volta da discussão do preço dos exemplares, questão abordada pelo inglês há quase 80 anos.
“Na Livraria com Orwell” será impresso na Livraria Gráfica, que produz os exemplares de forma artesanal, com tiragem limitada. Quem se interessar, precisa fazer a encomenda até o dia 20 de agosto. Custa R$60. Aqui o caminho para mais informações.
“Memórias de Livraria”, “Livros e Cigarros” e “Confissões de um Crítico Literário” são alguns dos oito ensaios presentes. Quem cuidou da tradução e da organização foi Gisele Eberspächer, que deu uma palavra sobre “Na Livraria com Orwell” neste vídeo:
Cerveja, vinho, cachaça…
Todos que me acompanham sabem o quanto gosto dessas três bebidas. Mas o álcool vicia. É das drogas mais perigosas para o usuário e problemáticas para a sociedade. Importante sempre ter isso em mente. Para quem me acompanha nuns pints de cerveja, algumas taças de vinho, aquela dose de cachaça, indico esse relato de Nando Reis sobre seu alcoolismo para a Piauí.
📢 O que mais rolou na Página Cinco
📝 A conturbada vida de uma filha de guerrilheiros: resenha de “O Azul das Abelhas”, de Laura Alcoba (Paris de Histórias).
📝 A controversa decisão editorial da Intrínseca para a biografia de Oppenheimer.
🎙️ Todo entretenimento é político - papo com Samir Machado de Machado:
📝 Algumas dicas para a Flipelô deste ano.
📝 Comentário sobre a patacoada do governo de São Paulo com os livros didáticos.
Ótimas dicas, Rodrigo. Gosto do Manguel. Tenho A biblioteca à noite, mas nunca li. Vai sair da estante agora!!! Abraço.
Adorei! Esse do Afonso Cruz li e é muito bom. As outras indicações desconhecia e já coloquei pra lista. Obrigada, Rodrigo.